Disputa tarifária entre EUA e China pode abrir espaço para expansão da energia solar no Brasil
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As recentes medidas protecionistas adotadas pelo governo dos Estados Unidos — liderado por Donald Trump — reacenderam as tensões no comércio global e já geram reflexos macroeconômicos em países como o Brasil. O aumento das tarifas sobre importações, especialmente de aço, alumínio e produtos chineses, deve impactar os custos da cadeia de energia solar no país. Ainda assim, especialistas do setor enxergam possíveis oportunidades para o Brasil no médio prazo, em especial na ampliação da indústria de renováveis.

Desde março, os EUA passaram a aplicar tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados, afetando exportadores tradicionais como Brasil, México e Canadá. Além disso, uma retaliação tarifária com a China elevou as alíquotas sobre produtos chineses para 125%, gerando um efeito cascata nos mercados.

Efeitos diretos no setor solar brasileiro

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil pode sentir os impactos dessas medidas em duas frentes: câmbio e inflação. Com o dólar oscilando entre R$ 5,80 e R$ 6,10 apenas nos últimos dias, os custos de importação de componentes fotovoltaicos — como módulos, inversores, baterias e peças para armazenamento — já começam a subir.

Além disso, o aumento da inflação global pressiona a taxa básica de juros brasileira, que atualmente está em 14,25%, seu maior nível desde 2016. Isso encarece o crédito para financiamento de projetos solares, tanto no varejo quanto no setor empresarial.

Cenário desafiador, mas com janelas de oportunidade

Apesar do contexto econômico desfavorável, a ABSOLAR e especialistas em comércio internacional acreditam que o Brasil pode se beneficiar com a realocação de investimentos internacionais, sobretudo de empresas norte-americanas em busca de mercados estáveis fora dos EUA.

Segundo Rodrigo Borges, líder de mercado da consultoria Aurora Energy Research, o país pode se tornar destino estratégico para projetos de hidrogênio verde, diesel renovável, eletrificação e data centers, setores que demandam ampla geração de energia renovável.

“Com o aumento das tarifas, o Brasil pode produzir hidrogênio verde e diesel renovável, o que vai demandar mais geração solar e soluções de armazenamento. Apesar do pessimismo global, nosso cenário pode se destacar”, afirmou Borges durante o evento Mercado Livre Absolar, realizado no dia 10 de abril, em São Paulo.

Possível aumento na oferta de equipamentos solares

Outro efeito colateral positivo apontado pela ABSOLAR é o desvio de produtos inicialmente destinados ao mercado americano para outras regiões, como América Latina. Com a competitividade reduzida dos módulos solares chineses nos EUA devido às tarifas, o Brasil pode absorver parte desse excedente de equipamentos a preços mais acessíveis, o que pode aliviar o mercado no curto prazo.

A entidade lembra que situações semelhantes ocorreram durante o primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2020, sem comprometer o crescimento do setor solar. Na época, tanto o mercado brasileiro quanto o norte-americano mantiveram trajetórias de expansão, mesmo em meio à turbulência tarifária.

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