Entre janeiro e fevereiro de 2025, o Brasil importou 3,74 GW em painéis solares da China — uma queda de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o volume somou 4,93 GW. Mesmo com a retração, o país lidera o ranking das Américas como maior destino regional de módulos fotovoltaicos chineses, com 57% de participação, segundo levantamento da consultoria InfoLink.
O Chile aparece na sequência, com 0,83 GW importados (14%), e juntos, os dois países representam mais de 70% do total comercializado na região no início deste ano. No cenário global, o Brasil ocupa a quarta colocação como principal comprador de painéis solares da China, atrás apenas de Índia, Holanda e Paquistão. Portugal fecha o top 5. Esses cinco países concentraram metade das exportações chinesas no período.
Exportações da China desaceleram
No acumulado global, a China embarcou 38,52 GW em módulos fotovoltaicos nos dois primeiros meses de 2025, um recuo de 11% frente aos 43,11 GW registrados no mesmo intervalo de 2024. A queda nas vendas afetou todas as grandes regiões de destino — Europa, Ásia-Pacífico, Américas e Oriente Médio — com exceção da África, que apresentou leve crescimento na demanda.
O desaquecimento está ligado a mudanças anunciadas pelo governo chinês para o setor de energia renovável, previstas para entrar em vigor a partir de junho. A reforma prevê menos subsídios e maior liberdade de preços, o que tem levado os fabricantes a priorizar o mercado interno, onde as margens estão mais atrativas.
Como resultado, entre 40% e 45% da produção das principais fabricantes foi redirecionada ao consumo doméstico no primeiro trimestre, reduzindo a disponibilidade para exportações.
Reflexos no mercado e nos preços
A tendência de queda nas exportações deve continuar ao longo de março e abril, impactando negativamente o comércio internacional no primeiro semestre. Esse ajuste de oferta já provoca reações nos preços. A InfoLink projeta um aumento temporário nos valores dos painéis solares, passando da faixa de US$ 0,08/W–US$ 0,085/W para até US$ 0,09/W em determinados mercados.
Apesar disso, a expectativa é que os embarques externos voltem a se normalizar no segundo semestre, com os preços retomando sua trajetória de queda gradual, conforme a cadeia global se ajusta às novas diretrizes chinesas.