O peso da energia elétrica no bolso do consumidor brasileiro tem crescido drasticamente nos últimos anos, contribuindo diretamente para o aumento geral dos preços e afetando o poder de compra das famílias. Um estudo recente, divulgado nesta quinta-feira (3) pela Ex Ante Consultoria Econômica a pedido da Abrace Energia, revelou que, nos últimos 25 anos, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um aumento acumulado de 326%, o custo da energia elétrica disparou impressionantes 1.299%.
Essa diferença acentuada tem impacto direto sobre os preços de itens básicos, influenciando até 90% dos custos de diversos produtos essenciais. Por exemplo, o preço do pão francês subiu 509% ao longo deste século, e a maior parte desse aumento (85%) é resultado do encarecimento da energia elétrica. Situações semelhantes são observadas no leite longa vida e no queijo, cujos aumentos de 86% e 92%, respectivamente, também são atribuídos principalmente à tarifa energética. Até mesmo materiais de construção, como o cimento, acumulam alta significativa de 218% influenciada pelo mesmo fator.
Além disso, o estudo aponta que os custos energéticos têm um impacto ampliado nas cadeias produtivas. Empresas que utilizam energia elétrica diretamente para produção também sentem o aumento dos custos indiretos, como na aquisição de matérias-primas e embalagens. Um exemplo disso é o setor de bebidas, onde o aumento da conta de luz impacta tanto a operação direta das fábricas quanto o custo das embalagens utilizadas.
Análise sobre nova Medida Provisória
A pesquisa também analisou os impactos da nova Medida Provisória 1.300/2025, que aborda mudanças no setor elétrico brasileiro. A Abrace Energia reconhece pontos positivos na proposta, especialmente na melhoria da gestão dos contratos do Mercado Livre de Energia.
Contudo, alerta para um possível efeito colateral preocupante: a transferência dos custos de subsídios aos consumidores de baixa renda diretamente para o setor industrial. Embora reconheça a importância social desses descontos, a Abrace defende que tal iniciativa pode provocar distorções econômicas significativas. O estudo aponta que, caso esses subsídios sejam financiados pela indústria, o custo inevitavelmente será repassado aos consumidores por meio dos preços dos produtos, reduzindo ou até anulando o benefício pretendido.
Diante desse cenário, a entidade propõe que os subsídios sociais sejam cobertos pelo orçamento público ou por impostos federais, como o PIS e a Cofins, evitando assim impactos adicionais na inflação e garantindo benefícios efetivos para a população mais vulnerável.