O Brasil está entrando em uma nova era de consciência corporativa. A 3ª edição da pesquisa Panorama da Sustentabilidade Corporativa, conduzida pela Amcham Brasil em parceria com a Humanizadas, revela que práticas sustentáveis já não são mais um diferencial — são uma exigência cada vez mais integrada ao coração das estratégias de negócios.
O estudo, apresentado no Fórum de Sustentabilidade Amcham 2025 — realizado no icônico Museu do Ipiranga — ouviu 401 empresários que, juntos, representam cerca de 505 mil empregos diretos e um faturamento anual de R$ 2,9 trilhões.
Brasil amadurece no caminho da sustentabilidade
A pesquisa mostra um avanço claro: 76% das empresas já ocupam posições relevantes na curva de maturidade da sustentabilidade. Destas, 52% estão engajadas em práticas sustentáveis de forma estruturada, enquanto 24% se destacam como líderes em seus setores. É um salto significativo: crescimento de 5 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
A mudança também se reflete nas decisões de negócios. Se antes a sustentabilidade era uma pauta isolada, hoje ela se incorpora ao planejamento estratégico: 72% das empresas afirmam que suas ações sustentáveis já fazem parte do core da estratégia corporativa — mais que o dobro dos 34% registrados na edição anterior da pesquisa.
“A sustentabilidade deixou de ser tratada como uma agenda isolada e passou a ocupar um espaço cada vez mais central nas decisões empresariais. O desafio que persiste é precisar, com dados e indicadores confiáveis, o valor financeiro que ela gera para o negócio”, destaca Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
Desafios à vista: como consolidar o valor da sustentabilidade?
Apesar dos avanços, obstáculos importantes ainda se impõem. As empresas apontam três grandes desafios que dificultam a aceleração dessa agenda:
- A comprovação do retorno financeiro das ações sustentáveis (58%);
- O engajamento da alta liderança (54%);
- O alinhamento entre sustentabilidade, cultura e modelo de negócios (44%).
Um dado preocupante: apenas 48% das empresas utilizam benchmarks e avaliações externas para embasar suas decisões sustentáveis. Isso indica uma necessidade urgente de maior uso de dados mensuráveis, indicadores confiáveis, padrões internacionais e análises independentes.
Olhar para o futuro: tendências que vão moldar os próximos ciclos
As empresas já traçam suas prioridades para os próximos anos. Entre as principais apostas estão:
- Alinhar sustentabilidade à performance financeira e ao modelo de negócio (75%);
- Fortalecer a cultura organizacional orientada à sustentabilidade (62%);
- Investir em energia limpa, inovação e tecnologias sustentáveis (51%);
- Adotar métricas confiáveis e padronizadas para decisões estratégicas (52%).
Setor privado avança, mas espera ações estruturantes do Estado
Além dos esforços internos, há também uma forte expectativa em relação ao papel do governo na aceleração da agenda ESG. As empresas apontam como medidas essenciais:
- A ampliação de incentivos fiscais;
- A criação de linhas de crédito voltadas à sustentabilidade;
- E o estabelecimento de regras claras, metas definidas e fiscalização eficaz.